Cōfgodas

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(Para a pronúncia reconstruída do nome, clique no player)


Significado do nome: cōfa "câmara", "cômodo interno" e god "deus".

Outros nomes: Hob (Inglaterra), Brownie (Norte da Inglaterra e Escócia), Nisse (Noruega e Dinamarca), Tomte (Suécia), Tonttu (Finlândia), Kabouter (Países Baixos), Kobold (Alemanha), Leprechaun (Irlanda), Domovoi (Folclore Eslavo).


Função: Um cōfgod é um wiht protetor do lar. Existem dois tipos básicos de cōfgodas: o primeiro é composto de divindades associadas ao fogo doméstico, a lareira (hearth), e para os anglo-saxões Frīġe parece ter ocupado esta posição, em tempos antigos. O segundo tipo é composto por wihta menores, seres não tão poderosos como deuses, associados a um lar específico, que é mais como uma espécie de habitante sobrenatural o qual se interessa em cooperar se também for ajudado.


Um aspecto importante das divindades domésticas é que elas são cultuadas no âmbito privado do lar, e não em templos ou grandes ajuntamentos de pessoas, através de um pequeno ídolo ou godġield, o qual poderia estar ou no altar ou junto ao fogo onde a comida era produzida, embora comumente o altar, o local de se cozinhar comidas e o local onde as pessoas permaneciam para se aquecerem, fosse o mesmo, em um lar dos tempos heathens antigos.

Do culto de divindades associadas ao fogo do lar entre os anglo-saxões nos restam apenas pistas indiretas. Pelos atributos da *Pria proto-indo-europeia e aqueles da deusa Frigg nórdica, é possível traçar um perfil intermediário, no qual Frīġe se encaixa, o qual assumiria características da Hestia grega, como deusa do fogo sagrado do lar. Como deusa responsável por funções maternais, associada ao nascimento de crianças, às chaves da casa, e funções de união de um cyn, Frigg traz grandes características associáveis com essa função.

O segundo tipo de cōfgodas tornou-se mais associado ao folclore, com o passar do tempo; e tão tarde como o século XVII há relatos de culto aos brownies. Eles seriam assemelhados a diversos tipos de criaturas, sendo humanoides de baixa estatura, com um chapéu pontudo, vermelho ou marrom, por vezes barbado ou até mesmo totalmente peludos. As casas de senhores sempre tinham um espírito chamado de ùruisg, e havia um assento deixado para ele na cozinha. Os brownies não conversavam com os humanos mas podiam ter longas conversações entre si, e mesmo vários locais são reconhecidos por terem seus nomes indicando que sejam locais onde os brownies se reúnem em assembleias. Os hobgoblins são conhecidos por trabalharem à noite, como os hobs, silenciosamente, fazendo trabalhos estranhos para os moradores da casa, e nos escritos de Shakespeare eles são capazes de mudar de forma. No caso dos hobs, eles poderiam viver tanto dentro como fora da habitação humana. Em algumas histórias os hobgoblins parecem se ofender com presentes de roupas, como os hobs, sumindo para sempre, e em outras eles ficariam orgulhosos de tal presente.

Billy Blind é um hobgoblin ou brownie inteligente encontrado em várias baladas coletadas por Francis James Child. Billy Blind ajuda os seres humanos em situações dramáticas, oferecendo informações e conselhos valiosos. Outros hobgoblins folclóricos são Blue Burches, que fazia brincadeiras inofensivas, e podia trocar de forma, além de Robin Roundcap, um diligente ajudante que se incumbia de várias tarefas do lar. Não raramente quando não são presenteados devidamente esse tipo de espírito do lar é capaz de causar problemas, como o desaparecimento de objetos, derrubar coisas, ou mesmo em casos mais graves, matar algum animal da criação rural. O nome hob sugere-se que tenha surgido como um diminutivo de "Robert". Um tipo peculiar, o Bogle, Boggle, ou Bogill (Nortúmbria e Escócia) eram seres essencialmente brincalhões, que se divertiam enganando a humanidade, embora sem lhe causar dano.

Dentre as ofertas mais comuns a se deixar parece que o pão com um pouco de manteiga, em alguns casos explicitamente dito que deixada na parte de cima do pão e não no seu interior, parece ter sido o mais comum. Ao brownie em Shetland dava-se um pouco de leite, bem como o aspergiam sobre os quatro cantos da casa, em oferta. Havia também o costume de se colocar um pouco do mosto de bebidas alcoólicas que estavam sendo produzidas em um orifício de uma pedra chamada de "Brownie's stane", segundo Brand.


Iconografia: Uma pedra podia ser deixada próxima à lareira para se esquentar; sendo esta pedra o local de habitação de um cōfgod. Estátuas, um godġield ou ídolo antropomórfico, podiam ser deixados no altar. Os anões de jardim são provavelmente resquício dessa prática. Casinhas no interior da casa ou no jardim também são identificadas como um bom símbolo e local de habitação de cōfgodas.

Fontes atestadas: Em 1703, John Brand relata que não mais que 40 anos antes todas as famílias em Shetland (ilha ao norte da Escócia) possuíam um brownie, um "espírito maligno" que os servia. Baladas medievais e do início da modernidade também mencionam diversos tipos de espíritos similares aos hobgoblins.

Interpretatio Romana: Vesta, Lares familiaris, penates.

Bīnaman Contemporâneos : --

Veja mais conceitos relacionados sobre esse tipo de divindade aqui.

Fontes:
Divindade do Lar, Heathenry & Liberdade <https://asatrueliberdade.com/divindade-do-lar/>
Aettarbók, o culto doméstico para além da ásatrú, Sonne Heljarskinn
Hestia, Theoi <http://www.theoi.com/Ouranios/Hestia.html>
Proto-Indo-European Godesses <http://piereligion.org/pantheon.html>
Pria, a Proto-Indo-European Goddess <http://piereligion.org/pria.html>
Brownie, Wikipedia <https://en.wikipedia.org/wiki/Brownie_(folklore)>
Hobgoblin, Wikipedia <https://en.wikipedia.org/wiki/Hobgoblin>

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